quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Circo Tradicional x Circo Contemporâneo


Respeitável leitor, o Blog FACES DA LONA tem o prazer de lhes apresentar a diferença resumida entre circo tradicional e circo contemporâneo.

É claro que muitos de vocês podem pensar que existe apenas um tipo de circo, mas a verdade é que conforme o tempo  modifica a sociedade, tudo se renova criando uma formula alternativa distinta daquela que estávamos acostumados. Não é diferente com o circo, existem duas vertentes que podem ser seguidas, atualmente, quando falamos de circo.

Vamos começar com o circo tradicional.

É verdade que quase todas as civilizações já praticaram algum tipo de arte circense, como: egípcios, gregos e outras civilizações há pelo menos 4.000 anos, mas o circo como conhecemos foi moldado no Império Romano.

circo Maximus
O primeiro circo a se tornar famoso foi o Circo Maximus no século IV a. C.. Abrigando mais de cem mil pessoas por apresentação, tinha como principal atração a corrida de carruagem, que com o tempo, foram acrescentados lutas de gladiadores, apresentações com animais selvagens e pessoas com habilidades incomuns (como os famosos engolidores de fogo). Destruído por um incêndio o anfiteatro foi substituído pelo Coliseu (Roma, Itália) em 40 a.C..

Circo no Coliseu
Fim da era dos césares e começo de idade medieval, os artistas agora passavam a fazer apresentações em praças públicas, feiras e entradas de igrejas. É nessa época que damos inicio às primeiras famílias que viajavam de cidades em cidades apresentando seus números.

No século XVIII, na Inglaterra surge os primeiros picadeiros circulares e a reunião de atrações que, juntos, compõem o espetáculo ainda hoje apresentado. Intercalava números cômicos com os palhaços com a seriedade de malabaristas e acrobatas para quebrar a tensão do espetáculo.  Foi chamado de Circo Moderno.

Segundo pesquisadores, essa formula circense foi modificado por fatores que modificavam a forma de entretenimento da sociedade. A partir dos anos 60, houve a multiplicação de meios de comunicação que traziam entretenimento, entre eles, talvez a principal causa, a televisão. Uma das causas apontadas também é a própria organização social circense, tentando manter a perpetuação da cultura, porém, de uma forma de isolamento da estrutura familiar e certo distanciamento da juventude das novas gerações.

No circo contemporâneo, vemos a miscelânia de linguagens, onde o circo incorpora artes como dança, música e teatro, criando uma nova linguagem, a linguagem do circo contemporâneo, que vem chamando atenção e multiplicando o número de grupos que aderem esse tipo de espetáculo.

Parte dessas fronteiras entre arte se deram nos anos 80 com circos como o Archaos e o Plume na França e o Cirque du Soleil no Canadá (atualmente, a maior empresa circense do mundo).
Circo Zanni

Uma diferença clara entre os dois espetáculos é a forma dramática na qual é levado ao público. No tradicional o risco de morte dos espetáculo trás a tensão certa, enquanto do contemporâneo, existem os cabos que garantem total segurança fazendo com que o espetáculo seja tranqüilo e voltado ao show em si, pois a tensão está na narrativa.


Existe também a adequação de espaço. O circo tradicional precisa de, no mínimo, seu picadeiro circular (com 13 metros de diâmetro) para garantir um ótimo espetáculo, já o contemporâneo pode se adequar em teatros, casas de shows e afins.

“O que acontece, na verdade, é uma transformação do gênero “puro” circo em artes do circo. As disciplinas recuperam sua soberania e autonomia. As artes plásticas são convocadas e os elementos visuais passam a ter uma função na construção do sentido da cena. Os figurinos, os cenários, as cores são pensados em seu conjunto, como elementos na produção dos significados. A iluminação deixa de ter uma função apenas instrumental (não deixar às escuras) e passa a construir atmosferas e climas. A música, antes um repertório fixo para cada número, passa a ser composta especialmente para cada espetáculo. Coreografias, maquiagens, tudo passa a ser pensado como expressão artística, como peça fundamental para o funcionamento do conjunto. Uma noção de encenação (mise-en-scène), da obra como um todo orgânico, que havia inaugurado o Teatro Moderno, na virada dos séculos 19 – 20.”, cita Rodrigo Dourado na matéria “O novo circo: sob a lona da mistura”, na edição nº 77 da Revista Continente Multicultural.

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