quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Animais no circo

Respeitável leitor, o post hoje trata sobre... Que rufem os tambores! Animais de circo.

Quem nunca entrou no picadeiro de um circo tradicional e ficou esperando ver o elefante fantasiado, o bravo domador do leão, os macacos e chimpanzés engraçados, a incrível girafa, etc. Chegam os tão esperados números. As crianças eufóricas, os adultos surpresos e nos final um único som: aplausos. Glorificando o domador e seu número.

A diversão momentânea faz que esqueçamos um fator extremamente importante: como se domina um animal selvagem? Pois com seu gato e cachorro basta uma postura firme, porém, carinhosa, alguns mimos aqui e ali, muita persistência, dias e dias desenvolvendo uma linguagem que ambos entendam e fim! Seu animal fará coisas incríveis e todos vão te aplaudir. Então você pensa: domar um animal selvagem deve exigir muito mais! Preciso aplaudi-lo de pé!

 Então, como se doma um animal selvagem? Trate um leão com mimos e carinhos e é provável que acabe como almoço.

Não existe maneira de fazê-lo sem o uso da violência. Impor o medo, ser temido. Se hoje ao ver notícias e especulações sobre cães torturados e mortos, brigas de galo e etc, causa-nos asco, porque aplaudimos ao circo?

"Como fazer para conseguir a atenção  de um elefante de 5 toneladas? Surre-o. Eis como". Saul Kitchener, diretor do San Francisco Zoological Gardens.


Breve caso sobre Madú. Para aqueles que não conhecem, lhes apresentarei.

Madú no palco. “ÊÊÊÊ um animal fantasiado! Ai que lindo, como ele é fofo.” Fantástico, não?

Quer saber como ele faz para ter uma pele tão bem cuidada, instrução louvável para que possa aparecer assim em todo seu show? Abram-se as cortinas!
              


Sim, são o mesmo elefante.



 
Não vou ficar enfatizando a brutalidade com imagens, mas àqueles que se interessam, podem encontrar as imagens aqui: http://www.uniaolibertariaanimal.com/faces-da-exploracao/entretenimento/circos

Sim, este é o mesmo animal que chegou a matar dois tratadores. Autodefesa? Em fevereiro de 2003 o IBAMA informou que Madú morreu e em seu laudo de necropsia: Provável causa mortis: descarga elétrica provocada por raio (Disponível aqui: http://www.animaisdecirco.org/laudomadu.html )





Joguem um homem para ser comido por leões, aposto que a platéia vai pirar! E realmente pirava, na Grécia antiga. Hoje? Hoje isso é uma brutalidade, vai contra os direitos humanos. Certo, por que ainda usam os animais selvagens mesmo?
 

Circo no Brasil


O circo chega ao Brasil por volta do século XVIII com a fuga de famílias ciganas vindas da Europa. As apresentações consistiam em números teatrais onde eram valorizados a doma de animais selvagens e ilusionismo. Os espetáculos se moldavam de acordo com aceitação e reação do público e era aplicado às suas devidas regiões.

No século XIX foi se formando o estilo brasileiro, instalando-se em periferias, visando a classe popular. Agora a atração principal passava a ser o palhaço, onde era fator essencial para o sucesso do circo.

Palhaço Piolin
Esse estilo pode ser diferenciado pela forma e linguagem como eram apresentados, por exemplo, o palhaço na Inglaterra usava mais da mímica, talvez, pela forte influencia de Charles Chaplin. Já no Brasil, o palhaço tinha como principal característica a fala, deixando o gesto como apenas um complemento. A narrativa era construída a fim de se tornar o vinculo entre artista e público. Também se valia da comédia sorrateira e uso de instrumentos musicais, como violão.

O público brasileiro gosta de números perigosos como malabares em trapézios e domadores de animais, o que desencadeou a entrada de animais selvagens cada vez mais presente nos espetáculos circenses.

No dia 27 de março é comemorado no Brasil o dia do Circo. Data escolhida em homenagem ao palhaço Piolin, nascido em 1897. Era considerado, por todos que o assistiam, como um grande palhaço, obtendo destaque pela grande criatividade cômica e por habilidades ginastas e equilibrista.

Circo Tradicional x Circo Contemporâneo


Respeitável leitor, o Blog FACES DA LONA tem o prazer de lhes apresentar a diferença resumida entre circo tradicional e circo contemporâneo.

É claro que muitos de vocês podem pensar que existe apenas um tipo de circo, mas a verdade é que conforme o tempo  modifica a sociedade, tudo se renova criando uma formula alternativa distinta daquela que estávamos acostumados. Não é diferente com o circo, existem duas vertentes que podem ser seguidas, atualmente, quando falamos de circo.

Vamos começar com o circo tradicional.

É verdade que quase todas as civilizações já praticaram algum tipo de arte circense, como: egípcios, gregos e outras civilizações há pelo menos 4.000 anos, mas o circo como conhecemos foi moldado no Império Romano.

circo Maximus
O primeiro circo a se tornar famoso foi o Circo Maximus no século IV a. C.. Abrigando mais de cem mil pessoas por apresentação, tinha como principal atração a corrida de carruagem, que com o tempo, foram acrescentados lutas de gladiadores, apresentações com animais selvagens e pessoas com habilidades incomuns (como os famosos engolidores de fogo). Destruído por um incêndio o anfiteatro foi substituído pelo Coliseu (Roma, Itália) em 40 a.C..

Circo no Coliseu
Fim da era dos césares e começo de idade medieval, os artistas agora passavam a fazer apresentações em praças públicas, feiras e entradas de igrejas. É nessa época que damos inicio às primeiras famílias que viajavam de cidades em cidades apresentando seus números.

No século XVIII, na Inglaterra surge os primeiros picadeiros circulares e a reunião de atrações que, juntos, compõem o espetáculo ainda hoje apresentado. Intercalava números cômicos com os palhaços com a seriedade de malabaristas e acrobatas para quebrar a tensão do espetáculo.  Foi chamado de Circo Moderno.

Segundo pesquisadores, essa formula circense foi modificado por fatores que modificavam a forma de entretenimento da sociedade. A partir dos anos 60, houve a multiplicação de meios de comunicação que traziam entretenimento, entre eles, talvez a principal causa, a televisão. Uma das causas apontadas também é a própria organização social circense, tentando manter a perpetuação da cultura, porém, de uma forma de isolamento da estrutura familiar e certo distanciamento da juventude das novas gerações.

No circo contemporâneo, vemos a miscelânia de linguagens, onde o circo incorpora artes como dança, música e teatro, criando uma nova linguagem, a linguagem do circo contemporâneo, que vem chamando atenção e multiplicando o número de grupos que aderem esse tipo de espetáculo.

Parte dessas fronteiras entre arte se deram nos anos 80 com circos como o Archaos e o Plume na França e o Cirque du Soleil no Canadá (atualmente, a maior empresa circense do mundo).
Circo Zanni

Uma diferença clara entre os dois espetáculos é a forma dramática na qual é levado ao público. No tradicional o risco de morte dos espetáculo trás a tensão certa, enquanto do contemporâneo, existem os cabos que garantem total segurança fazendo com que o espetáculo seja tranqüilo e voltado ao show em si, pois a tensão está na narrativa.


Existe também a adequação de espaço. O circo tradicional precisa de, no mínimo, seu picadeiro circular (com 13 metros de diâmetro) para garantir um ótimo espetáculo, já o contemporâneo pode se adequar em teatros, casas de shows e afins.

“O que acontece, na verdade, é uma transformação do gênero “puro” circo em artes do circo. As disciplinas recuperam sua soberania e autonomia. As artes plásticas são convocadas e os elementos visuais passam a ter uma função na construção do sentido da cena. Os figurinos, os cenários, as cores são pensados em seu conjunto, como elementos na produção dos significados. A iluminação deixa de ter uma função apenas instrumental (não deixar às escuras) e passa a construir atmosferas e climas. A música, antes um repertório fixo para cada número, passa a ser composta especialmente para cada espetáculo. Coreografias, maquiagens, tudo passa a ser pensado como expressão artística, como peça fundamental para o funcionamento do conjunto. Uma noção de encenação (mise-en-scène), da obra como um todo orgânico, que havia inaugurado o Teatro Moderno, na virada dos séculos 19 – 20.”, cita Rodrigo Dourado na matéria “O novo circo: sob a lona da mistura”, na edição nº 77 da Revista Continente Multicultural.